Na última quarta-feira (19), enquanto os senadores debatiam o projeto de lei conhecido como Ficha Limpa (PLC 58/10) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e na sessão extraordinária em Plenário, milhares de cidadãos se mobilizavam por meio da internet para manifestar seu apoio à matéria.
No Twitter, site de relacionamentos onde os usuários publicam breves mensagens, os termos "Ficha Limpa" e "CCJ" estiveram, durante todo o dia, entre os mais comentados no Brasil - e, quando o projeto foi aprovado em Plenário, "Ficha Limpa" chegou a ser um dos tópicos mais comentados em todo o mundo. O próprio Twitter exibe quais os assuntos mais comentados do dia por seus usuários, denominando-os "Trending Topics" (algo como "assuntos em voga").
A mobilização dos cidadãos em prol do Ficha Limpa também aconteceu via e-mail e se fez presente em blogs, nos comentários em notícias sobre o assunto nos jornais online e em outros sites de relacionamentos, como o Orkut e o Facebook.
Essa grande mobilização pelo fim da corrupção da política começou com a coleta de assinaturas de apoio ao projeto, coordenada pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que congrega várias organizações, entre as quais a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O movimento conseguiu mais de dois milhões de assinaturas, boa parte delas por meio da internet, que foram encaminhadas ao Congresso em dezembro de 2009. O projeto (com o número original PLP 168/93), que aguardava votação na Câmara havia 16 anos, teve sua tramitação acelerada e foi votado neste mês. Tendo chegado ao Senado no dia 13 de maio, foi aprovado em apenas seis dias.
Os senadores que estão mais presentes na internet, especialmente aqueles que têm conta no Twitter, puderam acompanhar essa mobilização em tempo real. No dia em que o projeto foi aprovado, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) chegou a cunhar o neologismo "cidanautas", para referir-se aos cidadãos que usam a internet (internautas) para participar dos processos político e legislativo. Ele disse que a rede mundial de computadores estava propiciando a aproximação entre a população e o Congresso Nacional - algo que, em sua opinião, era uma "vitória maior do que a própria lei da Ficha Limpa".
- Esta tarde, nós estamos vivendo, talvez sem perceber, uma revolução na maneira de fazer os trabalhos no Congresso - disse Cristovam, na quarta-feira.
Fonte: Site Senado
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